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Aula de música

Didática

Exemplos e ideias sobre como conduzir aulas de práticas de conjunto, e possibilidades de utilizar e adaptar o material do Laboratório de Bandas nas suas aulas.

Exemplos práticos

Ao longo da minha pesquisa de mestrado no PROEMUS, produzi 2 artigos que articulam uma base teórica e descrevem como poderia ser conduzida uma aula (ou sequência de aulas) em um contexto de prática de conjunto com instrumentos diversos:

Prática de conjunto na escola: um caminho para começar

Estratégias para Prática em Conjunto com instrumentos diversos: um relato de experiência

Nesses artigos, articulo uma base teórica em conjunto com atividades práticas, além de sugestões sobre como lidar com situações que possam surgir quando se está trabalhando com estudantes de níveis diferentes de musicalização, e que aprendem de forma colaborativa.

Utilizando os arranjos em aulas

A vantagem em utilizar os materiais do Laboratório de Bandas é que eles já estão em um formato audiovisual de fácil assimilação, com partitura caso seja esse o foco da sua aula, ou com a possibilidade da transcrição auditiva, ou mesmo assistir ao instrumento tocado para imitação.

Todos os  materiais disponíveis no site podem ser acessados utilizando qualquer dispositivo eletrônico: tanto computadores como celulares funcionam bem, portanto só é necessário o acesso à internet e um aparelho. Em aulas presenciais, por exemplo, o professor pode disponibilizar um computador, projetar caso seja possível ou cada aluno pode acessar em seu aparelho celular para estudar individual ou coletivamente. Em escolas que possuem um laboratório de informática, mídia ou maker space, computadores também podem ser utilizados para o suporte ao aprendizado. Já em aulas online, o professor pode enviar o material do site para que o aluno estude, propor o foco em determinadas partes da música, e pedir para que o aluno toque uma determinada parte ou a música inteira junto com o material.

Pensando no aprendizado em grupo, proponho aqui uma ordem para que as músicas sejam aprendidas de forma mais fluida, destacando alguns elementos que podem ser interessantes nos arranjos específicos. Lembrando que essa é apenas uma proposta, e que as músicas podem ser aprendidas em qualquer ordem, considerando adaptações que podem ser feitas, como foco na harmonia, simplificação de levadas, não utilização das viradas de bateria, entre outras.

1 - La Bella Luna

Essa música possui somente 2 acordes, e foi transposta para a tonalidade de Ré Maior (originalmente era Mi Maior), resultando em posições muito simples para serem tocadas em qualquer instrumento. É uma excelente música para iniciar o aprendizado dos instrumentos propostos, e ainda é possível adaptar algumas partes caso algum aluno tenha dificuldade. A levada inicial de bateria, por exemplo, pode ser utilizada para tocar a música inteira, mas é interessante colocar a segunda levada como um desafio para o aluno se desenvolver. Para os instrumentos de cordas, a ênfase inicial pode ser nos acordes, e as melodias estudadas posteriormente, como um desafio.

2 - Samba da Bênção

Essa música conta com os mesmos acordes de La Bella Luna, porém com a adição das sétimas. Isso traz uma complexidade aos acordes, além da levada de samba, que pode ser difícil de ser executada, principalmente por músicos iniciantes. Para esse arranjo, escolhi não fazer convenções ou algo que saia da levada, pois o objetivo principal é se acostumar com o ritmo do samba. É uma música interessante para abordar síncope e características de gêneros musicais brasileiros.

3 - Gilsons

No arranjo proposto, possui apenas 3 acordes, facilitando a rápida assimilação. Com um ritmo harmônico simples, possui uma levada que lembra um pouco o ijexá, mas com o bumbo “reto”, sempre tocado nos tempos dos compassos, com exceção de uma parte específica da música. A bateria pode ser um pouco complexa, mas a dificuldade está basicamente na padrão executado na mão esquerda, que pode ser aprendido ao longo do processo das aulas, focando somente na levada do bumbo e do hi-hat, sempre nos tempos dos compassos. Como “La Bella Luna”, os acordes e a mudança entre eles é simples, os desafios estão nas melodias. O baixo possui uma linha interessante também, e pode ser simplificada caso necessário para tocar somente as notas fundamentais dos acordes, com a levada proposta sendo o desafio para o aluno.

4 - Do Leme ao Pontal

Essa música possui uma sequência fixa de acordes, com um ritmo harmônico um pouco mais rápido que as músicas anteriores. Os acordes em si não são complexos, mas vale tomar um tempo com o grupo para praticar a progressão harmônica. Por conta da repetição, optei por designar a melodia original dos sopros para todos os instrumentos mais agudos, como um desafio. O percurso de aprendizado pode ser focado nos acordes e na melodia posteriormente como um desafio, mas garantir que pelo menos dois dos grupos de instrumentos aprenda essa melodia específica, para poder ter a alternância proposta no arranjo. Caso haja dificuldade de trocas de acordes por conta do ritmo harmônico mais rápido, alguns alunos podem tocar somente os acordes C e Dm, enquanto o baixo percorre toda a harmonia. Isso pode ser uma forma para abordar técnicas de arranjo e montagem de acordes, destacando o papel importante do baixo para a definição dos acordes.

5 - Asa Branca

Uma música muito conhecida da nossa cultura, escolhi para esse arranjo colocar um andamento mais rápido e propor que todos os instrumentos aprendessem a melodia característica utilizada na introdução desse arranjo, além dos 3 acordes da progressão harmônica. Por conta da levada de baião e do andamento, a música fica um pouco mais difícil de ser executada, apesar da simplicidade harmônica e melódica. É interessante iniciar a prática desta música, principalmente, com um andamento mais lento, para os musicistas entenderem o ritmo do gênero e, progressivamente, ir aumentando até chegar na proposta. As mesmas simplificações citadas anteriormente podem ser aplicadas aqui, colocando o arranjo final como meta e desafio.

6 - Esperando na janela

Apesar do andamento mais lento, essa música possui uma complexidade harmônica maior do que as anteriores, e uma levada de Xote, que pode ser desafiadora a princípio, com essa subdivisão dos tempos em 3 e a ausência do bumbo no tempo 1, em relação a bateria. O foco deve ser a precisão rítmica da levada dos instrumentos harmônicos, pois os acordes em si não são desafiadores, apenas o ritmo harmônico do refrão. A melodia da introdução do teclado pode ser um desafio interessante para outros instrumentos também, caso sejam alunos um pouco mais experientes. Um dos desafios dessa música é abafar as cordas logo depois de tocar, na maior parte do tempo, exceto para o baixo e para o teclado, da forma que estão propostos. O professor pode incentivar os alunos a pesquisarem suas próprias formas de abafar as cordas, por exemplo. Na gravação do ukulele, eu faço com o dedo mindinho da mão esquerda, mas as cordas podem ser abafadas pela mão direita também. É importante que haja esse momento de pesquisa sobre como resolver uma situação, dessa forma os alunos desenvolvem suas próprias maneiras de tocar.

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